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As mulheres no Nobel

Data de publicação: 18 de março de 2021. Categoria: divulgação científica, notícias

Um feito memorável aconteceu no ano de 2020: o Prêmio Nobel foi concedido a três mulheres na área de ciências! Foram elas a bioquímica Jennifer Doudna e a microbiologista Emmanuelle Charpentier, com o Nobel de Química, e a astrônoma Andrea Ghez, com o de Física. As laureadas em Química receberam a honraria graças à descoberta de um novo método de edição de genomas em bactérias, abrindo caminho para a edição de outros materiais genéticos, como o de plantas, de animais e de pessoas. Andrea Ghez, por sua vez, foi agraciada pelas suas contribuições à descoberta de um objeto supermassivo no centro da Via Láctea. Além destas, a poetisa estadunidense Louise Glück foi premiada com o Nobel de Literatura devido ao conjunto de sua obra, que aborda aspectos de nossa existência.

Emmanuelle Charpentier (esquerda) e Jennifer Doudna (direita) vencerdoras do Prêmio Nobel de Química em 2020. Foto de Miguel Riopa/AFP

Em entrevista ao Jornal da USP (Universidade de São Paulo), Nina Ranieri, professora de Direito da referida universidade, afirma que este “é um marco extremamente importante para as mulheres na ciência. A representatividade feminina é essencial para incentivar nossas jovens a seguir carreiras na ciência. Elas precisam ver mulheres ocupando posições de destaque, ganhando prêmio, fazendo descobertas que revolucionam o mundo, como essas mulheres que foram laureadas esta semana com o Prêmio Nobel”.

Andrea Ghez exibindo sua medalha do Prêmio Nobel. © Nobel Prize Outreach. Foto: Annete Buhl

A premiação de 2020 foi a segunda maior concedida a mulheres, perdendo apenas para a edição de 2009, em que cinco mulheres foram laureadas. Embora esse seja um motivo de comemoração, é importante ressaltar que, desde o início do prêmio em 1901, NUNCA as mulheres receberam mais honrarias que os homens. A discrepância na participação delas fica mais evidente se pensarmos que, das 603 edições do prêmio, com 962 laureados entre indivíduos e organizações, apenas 57 mulheres foram premiadas (6% do total).

Analisando-se um pouco mais a fundo as áreas em que as mulheres foram agraciadas com o prêmio, temos 17 vencedoras na categoria Nobel da Paz, 16 em Literatura, 12 em Fisiologia ou Medicina, sete em Química, quatro em Física e duas em Economia (Marie Curie é duplamente contada, pois venceu um Nobel de Física em 1903 e um de Química em 1911, sendo a única pessoa a ser premiada em categorias distintas ligadas à ciência). Podemos notar que o destaque das mulheres no prêmio é ainda menor nas ciências, apesar de a produção científica delas ter aumentado nas últimas décadas, inclusive na realização de ciência de ponta.

Prêmios Nobel concedidos a mulheres de 1901-2020. © Nobel Media. Ill. Niklas Elmehed.

De acordo com o relatório “A jornada do pesquisador pela lente de gênero”, entre os períodos de 1999-2003 e 2014-2018, houve um aumento de 29% para 38% no número de mulheres presentes em publicações de 15 países (base de dados Scopus). No Brasil, esse percentual passou de 35,3% para 44,3%. Nesse estudo também se observou uma maior quantidade de mulheres nas áreas de enfermagem e psicologia, enquanto que nas áreas das ciências físicas, como matemática, física, ciências da computação, os homens predominavam.

Outra questão importante, é a nacionalidade do concorrente, sendo notória a dominação dos Estados Unidos em relação ao número de ganhadores – até agora, 281 indivíduos premiados eram estadunidenses. Depois dos EUA, temos como maiores ganhadores o Reino Unido, com 95 laureados, e a Alemanha, com 84. Isso mostra mais claramente a influência de grandes países na premiação.

A verdade é que já está mais do que na hora de quebramos o estereótipo do cientista como uma figura masculina e da ideia de que “meninos são melhores em ciências e cálculo, e meninas em linguagens e afins”. Precisamos mostrar às nossas meninas que é sim possível trabalhar em qualquer área do conhecimento, desde que estejam presentes condições básicas para permitir o estudo e a dedicação necessários. Necessitamos de mecanismos de atração e permanência das mulheres nas ciências, de forma a permitir uma atuação mais ampla dessas futuras profissionais e alcançar a tão desejada paridade de gênero.

 

Curiosidade – Prêmio Nobel da Paz

Bertha von Suttner (Fonte: http://labaredacarmim.blogspot.com/)

Alfred Nobel, empresário e engenheiro sueco inventor da dinamite, teve em sua relação com Bertha von Suttner e nas atividades pacifistas desta a inspiração à criação da categoria Paz em sua premiação. Bertha von Suttner foi uma condessa austríaca que trabalhou como governanta de Alfred por um curto período de tempo, entretanto os dois mantiveram uma amizade que perdurou por décadas. A condessa tornou-se mundialmente conhecida pelo livro “Abaixo as armas”, em que descreve a guerra da perspectiva feminina e defende o pacifismo, acreditando que a paz só poderia ser alcançada com a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Trabalhou como vice presidente do Gabinete Internacional da Paz, e foi a primeira mulher vencedora de um Nobel, em 1905.


Fontes:

http://www.abc.org.br/2020/10/11/as-mulheres-e-o-nobel-o-nobel-e-as-mulheres/

https://jornal.usp.br/atualidades/premio-nobel-evidencia-a-importancia-das-mulheres-na-ciencia/

https://www.istoedinheiro.com.br/mulheres-comecam-a-aparecer-nos-premios-nobel/

https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,em-120-anos-de-nobel-somente-22-mulheres-recebem-os-premios-de-ciencias-saiba-quem-sao-elas,70003466642

https://oglobo.globo.com/sociedade/nobel-2020-o-2-da-historia-que-mais-premiou-mulheres-com-4-de-11-escolhidos-24688892

https://istoe.com.br/apos-11-anos-nobel-premia-tres-mulheres-cientistas/

https://www.wdl.org/pt/item/11563/

De Kleijn, M, Jayabalasingham, B, Falk-Krzesinski, HJ, Collins, T, Kuiper-Hoyng, L, Cingolani, I, Zhang, J, Roberge, G, et al: The Researcher Journey Through a Gender Lens: An Examination of Research Participation, Career Progression and Perceptions Across the Globe (Elsevier, March 2020)

  

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